terça-feira, 26 de outubro de 2010

Bahia tem o maior número de pontos de exploração de crianças


A Bahia é o Estado brasileiro com o maior número de rodovias com pontos críticos de exploração sexual de crianças e adolescentes, totalizando 117 locais vulneráveis. Em seguida, está o Paraná, com 116 pontos. Juntos, os dois Estados detém 24,9% dos pontos críticos do País.
Os dados fazem parte da quarta edição do Mapeamento de Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais 2009/2010, apresentado nesta quarta-feira (06) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em parceria com a organização Childhood Brasil, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República.
Ao todo, a pesquisa indicou 1.820 pontos de risco de exploração sexual de crianças e adolescentes espalhados por 66 mil quilômetros de estradas, sendo que 67,5% deles estão em áreas urbanas. O Nordeste é o que possui o maior número de pontos vulneráveis, com 545; seguido pelo Sul (399), Sudeste (371), Centro-Oeste (281) e Norte (224).
A PRF não divulgou exatamente quais são os pontos ou em quais quilômetros estão localizados a fim de preservar futurar ações repressivas e impedir que criminosos migrem de local de atuação. O levantamento mostra, porém, que as BRs 116 e 101, que ligam as regiões Nordeste, Sudeste e Sul são as mais perigosas para as crianças e somam 449 pontos críticos de exploração.
Características dos locais
De acordo com o chefe de Divisão de Combate ao Crime da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Moisés Dionísio da Silva, foi observado pelos policiais algumas características comuns nos locais onde há abuso. Em 81,9% deles há o consumo de alcóol e, em 69,3%, há também exploração sexual de adultos.
Destacam-se também a presença de caminhoneiros em 76,1% dos pontos, ausência de vigilância privada (69,5%) e a escassa atuação do conselho tutelar (73,6%). Ao contrário do que normalmente se imagina, além de estarem predominantemente em áreas urbanas, 79,5% dos pontos de exploração são bem iluminados.
“É um equívoco pensar que a criança é explorada em um local escuro e distante, da zona rural. É um local bem iluminado, já que as crianças têm medo de escuro”, ressalta ele. “O explorador também tem que ver o ‘produto que está comprando’ e ver se a criança está mesmo sozinha para ele não ser roubado”, explica.
Os corredores de escoamento de riquezas e em estradas que ligam regiões mais desenvolvidas a outras mais pobres também são pontos frequentes de exploração. O levantamento aponta ainda que o exploração sexual de crianças e adolescentes está quase sempre associada a outras práticas criminosas, como furto, exploração da prostituição, tráfico de seres humanos, venda e consumo de drogas.
Metodologia
A edição 2009/2010 do estudo utiliza níveis de risco para classificar os pontos vulneráveis à exploração sexual. Os agentes da PRF que realizaram o trabalho de campo preencheram um questionário em cada local visitado. Como as respostas tinham valores distintos, foi possível atribuir diferentes graus de risco aos pontos identificados - baixo, médio, alto e crítico.
Os indicadores para definição do nível de risco foram a existência de prostituição de adultos, ocorrência de exploração sexual de crianças e adolescentes com base em relato policial nos últimos dois anos, registro de tráfico/consumo de drogas nos últimos 24 meses e presença constante de crianças e adolescentes no local visitado.
Além disso, 294 caminhoneiros receberam um questionário em que, a partir do conhecimento que têm da estradas, deveriam indicar dois pontos vulneráveis à exploração e apontar as principais características deles, tais como tipo de estabelecimento, próximidade com vilarejos e casas noturnas, condições de vigilância, estacionamento e iluminação, entre outros.
O inspetor Silva destaca que os caminhoneiros foram importantes para o levatamento por serem os “maiores conhecedores” das rodovias. “Ele não é o vilão da exploração. De fato, existem caminhoneiros que são exploradores, mas há também o profissional que condena a prática e quisemos mostrar isso”, disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

www.itapetingaagora.com

G1-Globo Notícias

Último Segundo Notícias

A TARDE On Line

R7 - Notícias do Brasil

globo esporte

"Estado da Bahia" - Notícias

Jogos grátis

ARQUIVO NEWS