sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cela em presídio da Bahia."Atenção! Não incomode! Estou com visita."


Traficante preso tinha dinheiro, drogas, eletrodomésticos e até a chave da cela.

"Atenção! Não incomode! Estou com visita." parece até mentira, mas é o que estava escrito na porta da cela de um dos maiores traficantes do Nordeste. Para o baiano Genilson Lino da Silva, o Perna, a cadeia era um escritório do crime.
"Atenção! Não incomode! Estou com visita." parece até mentira, mas é o que estava escrito na porta da cela de um dos maiores traficantes do Nordeste. Para o baiano Genilson Lino da Silva, o Perna, a cadeia era um escritório do crime. De lá, e com todas as regalias - tinha até a chave da cela -, ele comandava o tráfico e mandava matar os inimigos.
A cena aconteceu na segunda-feira em Salvador: policiais civis e militares da Bahia chegaram à penitenciária Lemos Brito para prender um homem que já estava preso.
O cartaz na porta já indicava que o ocupante da cela tinha liberdades demais dentro do presídio. Nele estava escrito: "Não incomode, estou com visita".
Policial Carcerário: Bom dia, Perna.
Perna: Bom dia.
Policial Carcerário: Você vai viajar hoje.
Perna: Para onde?
Policial Carcerário: Pergunta aos colegas... 
Perna é o apelido de Genilson Lino da Silva, traficante condenado a 28 anos de prisão. Para cumprir o mandado de busca e apreensão, os policiais precisaram esperar: Perna tinha a chave da cela e só ele podia abrir a porta.
"Se eu como promotor de Justiça quisesse ingressar no sistema prisional, eu teria que ter, de forma vergonhosa, o sinal verde do bandido para dizer 'Não, ele pode entrar’", afirma o promotor de Justiça Paulo Gomes Júnior.
Uma vez lá dentro, os policiais tiveram outras surpresas. A maior delas foi a quantidade de dinheiro vivo que encontraram: R$ 280 mil. Tudo em notas grandes, para não fazer volume.
Mas havia mais. Uma geladeira forrada: água mineral, cerveja, mate, energético. Na parte de cima, comida congelada: carne, frango e peixe. Na despensa, dois tipos de chá, panelas, farinha láctea.
“A sociedade baiana não tem uma penitenciária no estado da Bahia, e sim um verdadeiro parque de diversões”, diz o promotor.
Os policiais encontraram ainda um aparelho de ginástica, seis celulares, drogas e duas pistolas.
“Eu sempre digo que ali são raposas tomando conta de galinheiro”, completa o promotor.
“Como ele tinha essa situação confortável no presídio, as visitas íntimas para ele eram freqüentes, inclusive de advogados e mulheres que vêm se destacando na mídia estavam cadastradas para visitá-lo. Para não dizer o nome da peça, né?”, acusa o delegado Nilton de Araújo.
A operação realizada pela Secretaria de Segurança da Bahia e pela Superintendência de Inteligência foi batizada de Big Bang e mobilizou 550 policiais. Além de Perna, 25 traficantes foram presos.
“De dentro do presídio, ele condenava execução de pessoas, de rivais”, diz o delegado.
Escutas autorizadas pela Justiça revelam que Perna era temido mesmo preso. Em uma ligação, um traficante chamado Dinho telefona, tentando ganhar tempo para pagar uma dívida.
Dinho: Aí, meu pai.
Perna: Você não acha que já passou demais o prazo do meu dinheiro, não?
Dinho: Já, já, já. Estou vendo isso.
Perna: E aí?
Dinho: Mas eu estou correndo atrás do seu dinheiro, meu chefe.
Perna: Olhe bem, rapaz, veja bem. Eu não quero ter que fazer nada com você. Corra atrás do meu dinheiro. Você não está me deixando alternativa.
Dinho: Eu vou correr, eu vou correr.

Na quinta-feira, Perna foi transferido para a penitenciária federal de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná. A partir de agora, ele vai ficar em uma cela sem qualquer regalia. A direção do presídio onde ele estava preso em Salvador foi exonerada e os agentes penitenciários estão sob investigação.

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